Caio Martim, turismólogo e poeta nascido em Cajamar (SP), lança seu primeiro livro, dia útil, pela editora Mondru. A obra costura as experiências de um eu-lírico múltiplo, capturado na simbiose entre a rotina corporativa e a pulsão criativa. O livro é estruturado como um vira-vira, sem começo ou fim fixos, permitindo que o leitor adentre por dois lados – “corpo_ativo” ou “poemática” – e vivencie a mesma tensão central de perspectivas diferentes.
Nascido da crise identitária e do isolamento vividos durante a pandemia, enquanto atuava no setor do turismo, dia útil é um registro íntimo do conflito entre a necessidade de ser produtivo e o desejo de criar. “O livro nasceu desse processo de entender qual é o meio termo entre esses dois polos”, explica Caio. “O que significa ser artista enquanto preciso trabalhar para pagar as contas, e de como minha cabeça oscilou: às vezes conformado, outras vezes revoltado.” Essa oscilação é traduzida em uma linguagem que vai de fórmulas de Excel a sonetos, passando por listas, cartas formais e poemas visuais.
Os temas centrais perpassam a tensão entre trabalho e arte, produtividade e subjetividade, o grito e o silêncio. O autor reflete sobre a exaustão que se contrapõe à autocontenção e a tentativa de reencontrar uma identidade que parecia perdida nas engrenagens do dia útil. Fragmentos do livro, como “sombra-problema / de um dia sem-sol, sem-lua” ou “a preço de / maçã- / -da-cara”, ilustram esse hibridismo e a busca por significado no meio do caos cotidiano.
Segundo o autor, ele encontrou na poesia o formato mais honesto para expressar seu conflito. “Eu precisava de um gênero que comportasse contradição, interrupção, cansaço, respiro. E a poesia permite justamente essa síntese entre fragmento e intensidade”, comenta. Influências literárias como Rosa Montero e Ferreira Gullar são perceptíveis na maneira como o autor transforma o cotidiano e o processo criativo em matéria literária.
Mais do que um livro de poesia, dia útil é um manifesto sobre a vulnerabilidade e a legitimidade do conflito interno. “A obra também comunica que existe valor no conflito: a tensão entre ser artista e ser trabalhador, entre querer criar e precisar cumprir demandas, não é um erro, mas um território legítimo de existência”, analisa. Para ele, a obra representa um ponto de virada: “Ele marca o momento em que finalmente me permiti assumir a escrita como parte essencial de quem eu sou, e não como um passatempo secundário”.
A trajetória de Caio, da infância em Cajamar à formação em Lazer e Turismo pela USP, passando por sua atuação profissional no turismo, é um pano de fundo essencial para compreender as camadas do livro. A experiência da mobilidade social e da insegurança profissional ecoa nos versos, discutindo o valor da arte em um mundo obcecado por utilidade e resultados. “Sempre soou distante, quase proibido para alguém com a trajetória que eu tive”, reflete sobre o lugar do artista.
Com um estilo que define como “conciso, observacional e ancorado no cotidiano”, Caio convida o leitor a enxergar a poesia que habita os intervalos do expediente, as frestas das planilhas e o silêncio ensurdecedor da rotina. dia útil é um testemunho potente de que arte e trabalho não são dimensões opostas, mas realidades que se atravessam, se contaminam e, muitas vezes, se sustentam, mesmo sob tensão.
Sobre o autor
Caio Martim é turismólogo e poeta, nascido em Cajamar (SP) e atualmente vivendo em Taubaté. Formado em Lazer e Turismo pela Universidade de São Paulo, sempre atuou na área do turismo, dividindo a rotina corporativa com a escrita. Começou a escrever ainda na infância e, durante a pandemia, aproximou-se definitivamente da poesia, encontrando nela um espaço de expressão direta e íntima. dia útil é seu livro de estreia.
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Ficha Técnica
Livro: “dia útil”
Autora: Caio Martim
Número de páginas: a confirmar
ISBN: ainda não tem
Gênero: Poesia
Editora: Mondru
Ano: 2025
Foto de capa: Caio Martim | Divulgação
Via Assessoria de Imprensa
