Para além da diversão, “Os Inseparáveis” ensinam crianças a serem donas do próprio destino

À primeira vista, “Os Inseparáveis” passa a impressão de ser apenas mais uma animação feita em linha de montagem com o único objetivo de fazer dinheiro, criar e manter empregos e gerar lucro para os investidores. Tudo isso é verdade, como em qualquer produção cinematográfica, mas o filme vai além.

Ao contar a história de “Don”, um boneco bastante imaginativo que está cansado de viver o papel de bobo no teatro de marionetes, o filme “infantil” retrata a vida de 99 entre 100 adultos de todo o mundo. O que Don resolve fazer com sua insatisfação é a mensagem que dá à produção sua razão de ser.

Inspirado no “Quixote” de Cervantes, a marionete resolve cortar suas amarras e  sair em busca de seus sonhos. Acompanhado de seu fiel escudeiro, DJ Doggy Dog (ou DJ Sancho, como Don o rebatiza “em sua cabeça”) um ursinho de pelúcia que salva Don pelo caminho, o boneco enfrenta moinhos de vento dragões, leões e todo os tipos de perigo em sua jornada.

Don é o adulto que não aceita mais a vida que lhe foi imposta; DJ Doggy Dog o jovem que aprende a sair de sua zona de conforto; e Dee, aquela que seria Dulcineia, a linda donzela em perigo, na verdade representa o empoderamento e o protagonismo femininos.

Com direção de Jérémie Degruson e roteiro de Joel Cohen e Alec Sokolow, criadores da história que deu origem à Toy Story, a produção de origem belga, francesa e espanhola não traz nada de novo no que tange aos aspectos técnicos deste tipo de filme – exceto talvez pela alternância entre o 3D e o 2D (que representa os “devaneios” do protagonista) – seja por preguiça, medo de errar ou apenas por haver-se esgotado as possibilidades que a estética popularizada pela Pixar há quase 30 anos (estética esta que revolucionou o cinema de animação).

Humilde, honesto e sem grandes pretensões, “Os Inseparáveis” é um filme sobre seguir os seus sonhos, seja você quem e como for. O longa vem para plantar uma sementinha diferente na cabeça e no coração das crianças para – quem sabe – formar adultos mais felizes.

Confira o trailer do filme:

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