Entre as diferentes mostras do festival, as mostras competitivas nacionais e internacionais são algumas das que mais tem destaque. Durante uma das sessões, foram exibidos 4 curtas: Minha Pátria, Caravana da Coragem, Mamántula e Se Eu Tô Aqui É Por Mistério. Confira a crítica de cada um deles:
MINHA PÁTRIA
Sendo o primeiro curta exibido, Minha Pátria é um curta de animação feita diretora Tabarak Abbas. De origem iraquiana, seus pais deixaram o país no início dos anos 90, época em que o país estava tomado por conflitos armados. Através do curta, a diretora homenageia a dura trajetória de fuga de seus pais do Iraque para a Suíça, com um toque cyberpunk.
A animação é muito bonita e fluida, tendo claras inspirações de animes, rendendo cenas de ação muito bem animadas, dinâmicas e planos muito bonitos de se ver. A história como um todo tem um quê infantil, no sentido de a história do curta ser narrada quase como que através da visão de uma criança que enxerga seus pais como super-heróis. Também é interessante citar os robôs que dominam o Iraque, sendo uma clara analogia ao intervencionismo americano.
E de novo, como já estabelecemos que a história é vista/contada através dos olhos de uma criança, faz sentido um exército com equipamento tão tecnologicamente avançado ser enxergado por uma criança como robôs, além de serem os únicos personagens quem falam inglês. Como fã de animações, foi uma grata surpresa ver este curta, com uma animação bonita, dinâmica e uma história bem bonita e pessoal.
⭐⭐⭐⭐⭐
CARAVANA DA CORAGEM
Indo para a segunda exibição, este curta conta a história de três amigos, cada um dando o seu relato sobre seus medos e eventos assustadores que presenciaram. É um curta que me passou a sensação de estar vendo um vídeo de creepypasta, aquelas histórias macabras de internet que são compartilhadas em sites e fóruns, muitos deles com relatos de eventos sobrenaturais e assustadores.
Entretanto, o curta de assustador ou perturbador não tem nada, em muitos momentos sendo completamente sem pé nem cabeça, como em um momento em que a atmosfera de “terror” é substituída por um jogo de basquete que mais parece um clipe musical. Ele encerra com uma sequência de imagens em preto e branco de baixa qualidade que, se fosse em uma creepypasta, até poderia gerar algum tipo de desconforto, mas aqui só fica extremamente brega, e do tipo ruim de brega.
Nota: 0 estrelas
MAMÁNTULA
Para ser sincero, eu nem sei por onde começar a descrever o que diabos é esse curta e a experiência de assisti-lo. Eu já peço desculpas antecipadas aos meus editores, mas espero deixar este segmento o menos chulo possível…
Ok, vamos lá. Mamántula narra a história de um grupo de policiais que investigam uma série de assassinatos, ondes as vítimas são mortas por um serial killer que as mata injetando veneno através do sexo oral, mais especificamente durante o orgasmo das vítimas.
Você não leu errado, é exatamente esta a proposta do curta, que adota uma estrutura narrativa semelhante a episódios de Criminal Minds, em que as detetives investigam diversas vítimas e o modus operandi do assassino é estabelecido, com a comunidade LGBT+ entrando em pânico com tantas pessoas sendo assassinas após relações sexuais com o Mamántula.
Já não bastasse toda essa bizarrice, durante a história são levantadas hipóteses se o Mamántula é uma criatura sobrenatural ou alienígena, sendo posteriormente revelado que ele se trata de um batedor para uma raça de aranha alienígenas conquistadoras de planetas, com o Mamántula sendo o agente que prepara o terreno para a invasão.
Eu sinceramente não sei quantas vezes eu fiquei chocado ou rindo de vergonha pelo absurdo sendo mostrado em tela. Se posso dizer alguma coisa dessa bizarrice toda, é que eu dei muita risada. Mas aquele tipo de risada que você ri do filme e não com o filme.
Este é definitivamente um curta marcante, mas não sei se pelos motivos certos…
⭐
SE EU TÔ AQUI É POR MISTÉRIO
Então, chegamos ao quarto curta, e depois de Mamántula, nada mais poderia me abalar naquela altura do campeonato. E quanto ao último curta? Foi ok. Se Eu Tô Aqui É Por Mistério é ambientado no Rio de Janeiro no ano de 2054, em um mundo que mistura elementos de fantasia, bruxaria e inquisição como uma clara analogia aos temas trans/queers e de preconceito. Além da ideia central e alguns elementos estéticos serem chamativos em figurinos ou uso de cores na fotografia, o curta no fim foi um tanto esquecível, depois da experiência bizarra do último curto no qual ainda estava processando tudo que tinha acontecido.
⭐⭐