IT: Bem-vindos a Derry expande o universo de Stephen King com terror mais sombrio

As obras do renomado autor de terror Stephen King são amplamente conhecidas pelo público. Clássicos como O Iluminado e Carrie, a Estranha já receberam adaptações cinematográficas de destaque ao longo das décadas. Com IT, não foi diferente.

O romance, publicado com mais de mil páginas, ganhou sua primeira adaptação nos anos 1990, intitulada IT: Uma Obra-Prima do Medo. A produção, com cerca de três horas de duração, retrata parte dos acontecimentos da década de 1960 narrados no livro. Anos depois, em 2017, a história retornou aos cinemas em uma nova releitura do clássico, apresentando o grupo conhecido como “Os Otários”, nome dado às crianças que enfrentam a entidade conhecida como A Coisa. Ambientada nos anos 1980, a produção manteve os mesmos eventos centrais da adaptação anterior, alterando apenas o período histórico. A narrativa foi concluída em IT: Capítulo Dois, que mostra o grupo já adulto em um confronto final contra a entidade, embora permaneça a dúvida sobre sua derrota definitiva.

O universo de IT foi expandido com o lançamento de IT: Bem-vindos a Derry, produção da HBO que apresenta uma abordagem distinta do palhaço Pennywise. A série retrata a entidade de forma mais violenta e carregada de ódio, aspecto aprofundado especialmente no oitavo episódio. A proposta resgata o terror gore e sombrio, recolocando a franquia em evidência.

A narrativa da série cria inicialmente uma falsa sensação de segurança em relação às crianças, tratadas como protagonistas. No entanto, logo nos primeiros episódios, a violência se impõe, deixando claro que o ser cósmico não representa uma ameaça comum. Ao longo da temporada, destaca-se a presença de Maturin, a entidade criadora da Terra segundo o universo de King.

A primeira temporada tem como eixo central o incêndio do Black Spot, um bar frequentado pela população negra. A série também aprofunda questões pouco exploradas nos filmes, como o motivo de a entidade permanecer restrita à cidade de Derry e a origem de sua forma física. Segundo a trama, povos nativos criaram uma barreira com destroços trazidos junto ao monstro, expulso do cosmo e lançado à Terra. A forma de palhaço surgiu no início do século XX, escolhida para atrair a atenção das crianças.

Bill Skarsgård, intérprete de Pennywise nas adaptações mais recentes, afirmou que só retornaria ao papel caso fosse possível aprofundar a mitologia do ser cósmico, o que motivou sua participação na série. Na primeira temporada, são apresentados elementos sobre o roubo da identidade de Pennywise e a morte de seu corpo humano original, Bob Gray, pai de Ingrid Kersh, personagem central da série e já mencionada nos filmes.

O multiverso criado por Stephen King estabelece diversas conexões entre suas obras. A série traz referências diretas a O Nevoeiro, com a fumaça produzida por IT para aterrorizar a população no episódio final. Outro destaque é a presença de Dick Halloran, personagem de O Iluminado. Na série, ele exerce papel relevante como um Iluminado, auxiliando na busca pelos artefatos perdidos e no processo de libertação de Pennywise.

No desfecho da primeira temporada, revela-se a real intenção da Coisa: eliminar Marge, mãe de Richie Tozer. O nome do personagem, seu filho, homenageia Rich, o garoto que morreu ao salvá-la durante o incêndio do Black Spot, em uma das mortes mais marcantes da narrativa. Richie surge como figura central no processo que leva à suposta “morte” de IT. A trama revela que a entidade não morre, pois existe simultaneamente no passado, presente e futuro, tendo consciência de seu destino e tentando evitá-lo.

As próximas temporadas devem abordar outros dois eventos cruciais da mitologia de IT: a morte da gangue Bradley e o ataque à usina. Há indícios do envolvimento dos pais dos personagens centrais da primeira temporada, em uma tentativa, da Coisa, de impedir a própria ruína no futuro e alterar o curso dos acontecimentos.

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