O filme do diretor Leandro Wenceslau é uma obra profundamente pessoal, inspirada em suas próprias vivências e experiências com o tema da adoção. Essa dimensão autobiográfica confere ao longa uma autenticidade rara, tornando-o não apenas um retrato social, mas também um exercício de autoconhecimento e empatia. Wenceslau convida o espectador a mergulhar em histórias que falam de amor, rejeição, pertencimento e resistência, construindo um retrato sensível e contundente sobre famílias em busca de equilíbrio diante dos desafios da adoção.
A narrativa acompanha três famílias que enfrentam dilemas distintos, mas atravessados por feridas semelhantes. Há jovens adotados na adolescência, conflitos intensos entre mãe e filha adotiva e histórias de adoções frustradas que resultam no retorno ao abrigo. Em todos os casos, o filme revela as marcas emocionais deixadas pelo abandono e a difícil construção da confiança e do afeto.

Outro ponto de destaque é a abordagem da busca por identidade em um contexto onde ser gay era extremamente difícil. O diretor expõe, com delicadeza, o peso do racismo e da homofobia, mostrando como essas opressões interferem diretamente na formação das famílias e no desenvolvimento individual. Entre dor e superação, o longa abre espaço para casais LGBTQIA+ que lutam pelo direito à adoção, enfrentando preconceitos, mas mantendo viva a esperança em um mundo mais igualitário.
Com direção sensível e olhar humano, Leandro Wenceslau transforma sua história pessoal em um espelho coletivo. Lar é um filme que transcende o drama familiar para se tornar uma reflexão necessária sobre amor, diversidade e pertencimento. Um cinema que emociona e faz pensar, e que reafirma a importância de contar histórias reais, nascidas da própria vida.
O filme é distribuído pela Embaúba Filmes e estreia dia 13 de novembro nos cinemas.
