‘Monstros’: Veja a história de Ed Gein que será retratada na terceira temporada

A pequena cidade de Plainfield, Wisconsin, nos Estados Unidos, é um lugar pacato, cercado por vastas paisagens rurais. Mas foi nesse cenário que se desenrolou uma das histórias mais grotescas e perturbadoras do século XX, a do assassino e profanador de cadáveres Ed Gein.

Conhecido como o “Açougueiro de Plainfield”, sua vida e seus crimes chocantes não apenas aterrorizaram a população local, mas também serviram de inspiração para alguns dos personagens mais icônicos do terror no cinema e na literatura, como Norman Bates de Psicose, Leatherface de O Massacre da Serra Elétrica e Buffalo Bill de O Silêncio dos Inocentes. E que agora é protagonista da terceira temporada da série antológica da Netflix, ‘Monstros’.

Quem foi Ed Gein?

Edward Theodore Gein, nascido em 1906, teve uma infância marcada por uma rígida educação, imposta por sua mãe, Augusta Gein, uma fanática religiosa, controladora e autoritária. Augusta ensinava aos filhos sobre o pecado e a depravação das mulheres, exceto ela, a quem considerava pura. Essa relação doentia e o isolamento de qualquer contato social moldaram a personalidade de Ed. Após a morte de seu pai e de seu irmão, a vida de Ed Gein se concentrou inteiramente em sua mãe. Quando ela faleceu em 1945, Ed Gein se viu sozinho. A solidão e o luto foram o estopim para uma espiral de loucura e obsessão, que o levou a exumar corpos de mulheres de idade semelhante à de sua mãe para “terapias” e rituais macabros.

A primeira vítima conhecida de Ed Gein foi Bernice Worden, uma lojista local. Desaparecida em 1957, sua ausência levantou suspeitas, e a polícia logo foi direcionada à fazenda isolada de Gein. O que os oficiais encontraram lá foi um cenário de puro horror.

A fazenda estava repleta de móveis e objetos feitos a partir de restos humanos. Havia cadeiras estofadas com pele humana, tigelas feitas de crânios, um cesto de lixo de pele humana, um cinto feito de mamilos e máscaras faciais de pele de mulheres. A cena era tão perturbadora que chocou até mesmo os policiais mais experientes. Bernice Worden foi encontrada decapitada, pendurada pelos tornozelos. A investigação revelou que Gein havia exumado pelo menos nove corpos de cemitérios locais, além de ser responsável pela morte de outras duas mulheres: Bernice Worden e, anos antes, Mary Hogan.

Ed Gein foi preso em 1957, confessou seus crimes e foi diagnosticado com esquizofrenia. Considerado incapaz de ser julgado, ele foi internado em uma instituição psiquiátrica de segurança máxima, onde passou o resto de sua vida. Gein morreu em 1984, aos 77 anos, de insuficiência respiratória. O “Açougueiro de Plainfield” levou consigo os segredos de suas ações, mas deixou uma marca profunda e sinistra na imaginação popular.

Do Cinema ao Hall da Fama

A história de Ed Gein, com sua mistura de horror psicológico, canibalismo e perversão, rapidamente ganhou notoriedade. Em 1959, Robert Bloch publicou o livro Psicose, que serviu de base para o filme de Alfred Hitchcock, em 1960. O assassino Norman Bates, inspirado em Gein, é um homem solitário, dominado por sua falecida mãe e com uma dualidade doentia. O clássico de terror de Tobe Hooper, O Massacre da Serra Elétrica (1974), deu vida ao assassino Leatherface, um canibal que usa uma máscara de pele humana. A história de Gein também inspirou Thomas Harris em sua criação do serial killer Buffalo Bill, de O Silêncio dos Inocentes (1988), que remove a pele de suas vítimas para criar uma “roupa de mulher”.

Esses personagens, apesar de terem suas próprias histórias, carregam a essência do terror de Ed Gein: a solidão, a obsessão pela figura materna, a profanação do corpo humano e o uso macabro de sua pele. O legado de Gein não é o de um grande estrategista do crime, mas sim o de um homem profundamente perturbado cuja realidade ultrapassou a ficção, mostrando que a mais profunda escuridão muitas vezes reside em lugares e pessoas comuns. A história de Ed Gein é um lembrete sombrio do que pode acontecer quando a mente humana se desvia para os recantos mais sombrios da loucura.

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Foto de capa: Netflix

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