Foto: Leonardo Gudel
A escritora e multiartista Carla Brasil apresenta seu livro de estreia literária, Cronofagia, publicado pela Editora Appris. Com prefácio do cineasta, dramaturgo e poeta Ruy Guerra, ao longo de 37 poemas, o livro tece críticas ácidas ao tempo e à sociedade contemporânea, sempre descritas de maneira lírica, irônica e melancólica, marca registrada da autora.
Os poemas abordam temas atuais, como a ansiedade digital e o esgotamento da produtividade. Eles descrevem como a atualidade, marcada pelos avanços tecnológicos, é traiçoeira, pois promete agilidade e economia de tempo, mas devolve cansaço e exaustão mental. Com isso, a autora parece propor uma crítica à forma como as pessoas se relacionam com aquele que parece ser o personagem central de sua narrativa: o tempo.
Em um trecho do poema “Clichê do Tempo”, é apresentada uma relação profundamente conflituosa e desigual entre o eu lírico e o tempo. O texto constrói uma metáfora existencial em que o tempo é uma força implacável, quase divina, mas também fria, cínica e arbitrária, enquanto o ser humano é naturalmente frágil e atrasado:
“Corre o tempo e eu não corro
ele salta colinas
eu me destroço em pedregulhos
ele voa absorto
e eu fico na lama,
no rastro bastardo do seu pecado
passa com seu olhar perfilado
seu fôlego arbitrário
o riso sarcástico e dissimulado
de um deus ordinário”.
Ainda assim, Cronofagia não é um inventário das angústias modernas. É um campo de batalha onde a linguagem — afiada, sarcástica, melancólica — enfrenta o colapso cotidiano com vigor poético. “É o retrato impiedoso de um tempo ansioso, barulhento e vazio”, define a sinopse.
Com uma prosa sensível e realista, Carla se junta aos milhares de poetas brasileiros arrancando elogios de quem há muito brinca e briga com as palavras, como o poeta Ruy Guerra, que não economiza em sua avaliação ao livro: “É muito bom ler uma jovem poeta, como Carla Brasil, que, na sua primeira arremetida, chega tão longe. Me dá vontade de usar um daqueles sonoros palavrões descarados para escancarar o meu entusiasmo”, escreve Ruy no prefácio da obra.
Guerra ainda define Carla como “nefelibata com os pés no esgoto”, celebrando sua capacidade de conjugar abstração filosófica e crueza do cotidiano. “A poeta não foge do sujo, vai até o limite, sempre em favor da ideia”, afirma.

Além de Cronofagia, Carla Brasil já publicou em diversas antologias. Seu talento foi reconhecido em premiações literárias como o Prêmio Poesia Agora – Primavera 2020, da Editora Trevo, e a seleção Poesia Brasileira – Poetize 2021, da Vivara Editora Nacional, na qual teve poemas selecionados entre milhares de inscritos.
Adquira Cronofagia em breve no site da editora: https://editoraappris.com.br
Via Assessoria
