13º Olhar de Cinema: Café Lumière

Para a mostra Olhar Retrospectivo desta edição, o 13º Olhar de Cinema escolheu o diretor taiwanês Hou Hsiao-Hsien como o representante da categoria, com a filmografia do cineasta sendo o foco desta mostra. Um dos filmes selecionados para o festival foi Café Lumière (2003).

O longa foi produzido por Hou como uma homenagem ao centenário de nascimento do cineasta japonês Yasujiro Ozu, diretor do qual Hou é muito fã. Café Lumière é lotado de homenagens a um dos filmes de Ozu, Era Uma Vez em Tóquio. A trama do longa de Hou, acompanha Yoko, uma jovem mulher grávida de um homem que não quer se casar, que perambula pelas ruas de Tóquio em busca de um café frequentado por um músico taiwanês, o qual é tema para a pesquisa de Yoko.

Mais cedo no festival, eu assisti outro filme do diretor, A Assassina, na qual também escrevi crítica. E nesta crítica, relatei em vários pontos que me incomodaram durante o filme, como seu ritmo extremamente arrastado e uma história e personagens desinteressantes. Pois bem, tendo visto esse segundo filme de Hou, posso dizer que muitas das coisas que vi em A Assassina, se repetem aqui, por se tratar do estilo do diretor.

Isso é um defeito? Não. Mas é certamente um estilo de se contar histórias e fazer cinema que não me apetece. Da mesma forma que existem autores que gostamos mais ou menos pela sua forma de escrita, com cineastas não é diferente. Tendo isso em mente, confesso que foi um tanto sofrido terminar este filme, pois todas as coisas que me incomodaram no longa anterior estão aqui e diria ainda que ainda mais presentes.

A trama é extremamente maçante e arrastada, personagens e atuações desinteressantes, além da fotografia contribuir bastante para essa sensação de lentidão. O diretor tem como estilo deixar a câmera parada no mesmo ângulo quase que a cena toda, o que dá a impressão de que a história não está avançando. E se em A Assassina, tínhamos ainda alguns planos bonitos, em Café Lumière eles são bem menos frequentes.

Não quero passar a impressão de que sou aquele cara chato que só gosta de filmes frenéticos, pelo contrário, adoro ver filmes de diferentes gêneros e estilos. Mas os filmes de Hou definitivamente não são para mim, e Café Lumière é um filme que provavelmente eu nunca mais queira ver na vida de tão desinteressante e chato que foi. A pior coisa que um filme, e arte no geral, pode causar no público não é raiva. Por mais negativo que seja, raiva ainda é um sentimento. A pior sensação de fato é a apatia, a indiferença, é não sentir nada. E foi exatamente assim que me senti.

 

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