Quem aprecia cultura afro-indígena terá destino certo em Curitiba nesta sexta-feira (28) e sábado (29), datas que inauguram o Akpalô: Sarau Afro-curitibano. A iniciativa reúne diversas apresentações artísticas e ocorrerá na Casa de Cultura Àlàáfíà, no bairro São Francisco, com entrada totalmente gratuita. Na sexta, o evento será das 15h às 19h; no sábado, das 10h às 16h (ver programação, abaixo).
O Akpalô: Sarau Afro-curitibano desponta como uma das principais iniciativas do calendário cultural da cidade. O ciclo de encontros é dedicado às oralidades, literaturas e artes de matriz africana e indígena. Inspirado na figura do akpalô — o contador de histórias e guardião de saberes da tradição iorubá — o projeto busca reunir e fortalecer mestres, educadores(as), artistas e a comunidade em práticas que integram arte, educação e ancestralidade.
A realização é da Ariramba Cultural, da Associação dos Rimadores e do Centro Cultural Humaita, com coprodução da Casa de Cultura Àlàáfíà e de Mônica Margarido Produções Culturais. Durante as atividades, o público também poderá saborear a culinária afro-brasileira da Àlàáfíà. Ao todo, serão sete dias de programação distribuídos entre novembro de 2025 e fevereiro de 2026.
A programação completa está disponível no site da Ariramba Cultural, além dos instagrams @ariramba_cultural e @centro_cultural_humaita, e inclui teatro, música, dança, partilha de textos de autores afro-curitibanos, oficinas de escrita criativa e rodas de conversa.
Os programas para os dois primeiros dias
Na sexta-feira (28), o público acompanha o espetáculo Enquanto Contava, Chico Rei, que revisita a trajetória de Galanga — o rei do Congo trazido ao Brasil como escravizado — por meio das histórias que mantiveram vivas as memórias e raízes de seu povo; seguido de bate-papo com Cleo Cavalcantty e Amaranta. A programação segue com a abertura do ciclo Akpalô: Sarau Afro-curitibano e apresentações de artistas como Liah Vitória, Andressa Medeiros e Rosane Arminda.
No sábado (29), além de uma grandiosa feira de livros, o público participa da vivência teatral Os Segredos das Ancestralidades, obra que aborda Oxum e o transbordamento das águas como forma de refletir sobre a presença das culturas de matriz africana na identidade brasileira, seguida de roda de conversa. A programação inclui ainda um sarau de leitura dramática com Andressa Medeiros e encerra com discotecagem da DJ Medusa.
Quem realiza o evento
Para Andressa Medeiros, responsável pela Ariramba Cultural, o evento cria um espaço de comunhão e troca de saberes ancestrais. Ela avalia que a programação abre caminhos subjetivos ao propor diálogos entre diferentes formas artísticas, contribuindo para o enfrentamento ao preconceito e ao racismo.
“Promover este encontro na Casa de Cultura Àlàáfíà, um quilombo urbano como diz Daniel Montelles, tem um impacto importante para a cidade. É fortalecer um espaço dedicado à cultura afro-brasileira não apenas pelas formas mais conhecidas de produção cultural, mas também pela literatura afro-curitibana impressa. Nos encontros acontecerão oficinas de escrita criativa para que escritores e escritoras possam compartilhar, aprimorar e aprofundar suas escritas”, pontua.
A escritora Rosane Arminda, do Centro Cultural Humaita, lembra que o Akpalô: Sarau Afro-curitibano nasce de um histórico consolidado por atividades promovidas pelo grupo ao longo da última década, homenageando personalidades negras de Curitiba e do Paraná. Ela espera que a nova edição fortaleça a representatividade afro-indígena paranaense entre o público.
“Todos os saraus afro-curitibanos tiveram públicos assíduos, porque quem acompanha as atividades do Centro Cultural Humaita já sabe como funciona. Então, a expectativa é que todos os dias sejam importantes, assim como foram no passado”, comenta ela.
A voz da comunidade
Presidente e fundador da Associação dos Rimadores, Samuel Costa — conhecido culturalmente como Samuka — considera “algo chave” receber o convite para integrar o evento. Ele destaca que a associação surgiu “do chão da comunidade”, dos saraus nas lajes, do rap na escola, “onde o microfone vira arma de transformação”.
“Quando chega um convite desse, de um evento que levanta a ancestralidade, fortalece a negritude e dá palco pra quem vem da luta, é tipo receber um abraço da própria quebrada dizendo: ‘tá vendo? o corre tá valendo’. Fiquei feliz e me senti representando minha gente de verdade”, inicia.
Para ele, a expectativa é de uma programação intensa e afetiva.
“Espero muita troca sincera, arte que arrepia, poesia que chega no peito. Música que levanta autoestima e fortalece quem é nosso. Pra mim, o Akpalô vai ser aquele ponto de encontro da galera preta, da resistência, da cultura viva. Quero ver gente se reconhecendo, se fortalecendo e saindo de lá com a energia renovada. Vai ser quebrada, ancestralidade e potência andando de mãos dadas”, encerra Samuka.
Apoio institucional
O projeto é viabilizado com apoio da Câmara Municipal de Curitiba e de vereadoras e vereadores que reconhecem a arte e a educação como ferramentas de transformação social. A iniciativa conta com emenda parlamentar coletiva articulada pela vereadora Giorgia Prates (PT), em colaboração com os vereadores Serginho do Posto (PSD) e Pier Petruzziello (PP).

Serviço
Akpalô: Sarau Afro-curitibano
Data: 28 de novembro (sexta-feira)
Local: Casa de Cultura Àlàáfíà, Rua Jaime Reis, 480, bairro São Francisco.
Horário: 15h às 19h
Atividades:
16h às 17h30
Apresentação teatral do espetáculo “Enquanto Contava, Chico Rei”, com a companhia Girolê
Bate-papo com Cleo Cavalcantty e Amaranta
17h30 às 18h
Abertura do ciclo de atividades Akpalô: Sarau Afro-curitibano
com Ariramba Cultural, Associação dos Rimadores e Centro Cultural Humaita
18h às 19h
Sarau (1h30) – com Associação dos Rimadores, Liah Vitória, Andressa Medeiros e Rosane Arminda
Data: 29 de novembro (sábado)
Local: Casa de Cultura Àlàáfíà, Rua Jaime Reis, 480, bairro São Francisco.
Horário: 10h às 16h
Atividades:
Feira de livros (o dia todo)
10h às 12h
Apresentação teatral do espetáculo “Os Segredos da Ancestralidade” e roda de conversa e criação, com Matheus Boeck
13h às 15h
Sarau (2h) – Leitura dramática de obras afro-curitibanas com Andressa Medeiros
15h às 16h
Discotecagem com DJ Medusa
Acesse a programação completa no site
Via Assessoria de Imprensa
